domingo, 14 de setembro de 2008

ebulido

Não é o silêncio: é amor em falta.
É aquele ir e vir do sangue que transporta o engano.
A lascívia mascante, o etéreo marcante.
O meu corpo,
as palavras lidas, afogadas.
A realidade -
a cama entulhada, dormida
e o cinzeniro no qual se transformou minha mesa.
Eu que me transformei num isqueiro.
Eu acendo e entormento o que penso primeiro.

Um carinho.
Um canino abraçado.
Beijado pelos lábios quentes e refutados de um dono.
Enojado pela mão gelada e indiscutível de perguntas,
sobrancelhas no tom, curvadas.
Eu era as respostas, tantas.
Esculpido em carrara.
Cuspido e escarrado.
O sol ainda não se pôs: é dia, sol a pino atrás das nuvens cinzas.
Ninguém aplaude um dia nublado, ninguém circula, ninguém diz morte.

Sou vivo e vivo as cores, assim como as marcas
e os estômagos doídos e os pulmões encatarrados.
A baba na boca curvada, confessa.
O entalo no esôfago movimentado
e todo o jeito embebido do afago.

O relógio de corda empendulado.
Os parturientes chocados distanciados,
de seus invernos anestesiados;
nos seus filhotes esperançados.

No celular, falado.
O ar é o que certo é,
sua fala diz,
se barulho faz.
Eu sou vácuo, então.

Eu sou mormaceira -
queimo forte,
escondido, e sensibilizo à pele.

O forte e o ingrato,
um faminto enebriado.
O azedume em tratos de gente.
Um fogo fraco esquentando a sala da televisão.

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