terça-feira, 2 de setembro de 2008

O que eu vou pensar vai ser em nuvens brancas no céu, ao som de um bom rockabilly, seguindo bem bonitinhas em direção ao Norte. São nuvens da uma massa de ar antártica. E no meio da virada, um avião fura a nuvem e voa sinuoso, dando piruetas no céu.

Mas a música acabou. E ele continuou dando piruetas. Mas a música já tinha acabado. Ele não se importou, não queria voltar para a base, continuou dando piruetas. A música, reiterava-se, já tinha acabado. Voltar era inevitável, e ele não voltava. A mudança na feição, que foi começando a partir do fim da música, era visível. Os seus dentes montados um no outro, com os lábios a mostrá-los, era um sorriso, era tranquilidade, era leveza ao som do rockabilly. O dentes não saíram de cima um dos outros e nem os lábios deixaram de dá-los licença, mas já era outra coisa: pura tensão, pura vontade de continuar lá, bem, no rockabilly tranquilo, na vida tranquila, do sorriso. Se a música tinha acabado e ele deveria voltar para a base, ele não desejava voltar nem dava sinais de que iria. Suas piruetas sinuosas ficaram agressivas. Preocupava, alarmava; reprovavam. Ele suava. Ele massacrava o volante de tanto que o pressionava com as mãos.

Ele continua voando sinuoso, agressivo e ainda especula um plano. Os aviões da base já são avistados ao horizonte.

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