Se eu for pensar em instituir o que é natural, na aparência das coisas é onde mais me parece que esteja tal categoria. A aparência é a matéria-prima de toda reflexão. Negando, afirmando, desconsiderando ou valorizando; a aparência das coisas é sempre a primeira impressão que se tem de tudo, é aquilo que naturalmente se apresenta para nós, é a instância em que ainda não desenvolvemos mecanismos e razões de ser. As coisas como elas se mostram de primeira e as sensações que essas primeiras impressões - inadvertidas das possíveis explicações a respeito de sua existência - transmitem são aquilo que semanticamente, pra mim, se aproxima de natural, se tomarmos o pressuposto daquilo que é virgem, intocado, tal qual era originariamente, aquilo que é antes de especularmos o que seja: a aparência é aquilo que se sente e se procura negar ou afirmar, é sentido, perceber o que aparece: sobre as aparências é que se começa a divagar sempre, são o motor inicial da comunicação; as aparências são os sinais, os indícios, o início de todo o material intelectual humano (material esse produzido, ironicamente, para discutir a respeito da natureza das coisas). É a primeira impressão de tudo, é o que se reporta como aparência: "tal coisa me parece ser dessa forma"; é aquilo menos pompado das artificialidades da investigação humana, é mais natural que isso, é o que é possível comunicar expressando subjetivismos que podem ou não ser compreendidos, depende da proximidade/intimidade do ouvinte. A aparência, o inicial: os primeiros indícios para o desenvolvimento de uma lógica que os costure; a sua inerente despretensão epistemológica.
domingo, 28 de junho de 2009
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