sábado, 27 de junho de 2009

sobre o que se deve fazer para que se possa haver: ouvir?

Pediram silêncio
para que eu respeitasse a aula que davam
mas eu não queria
calar-me
e esperar pra dizer somente quando fosse posto à prova
quando fossem corrigir-me
o que dizer
ou como.
O que expuseram
está exposto
e seu conteúdo
não limita
a minha forma
nem
a minha intensidade:
suas profecias
suas ironias
suas com-tradições
não saciam o ímpeto
que a cada explicação dada que justifique a aceitação do "não" proferido
eu acumulo
e acumulo
e acumulo
fechado
até expressar minha (in)digestão dessa profusão de impressões empurradas goela abaixo
sobre e sob formas, métodos e subjetivismo corretos, trabalhados, fundamentados.

Todo homem nasce novo
e só se sacia quando representa o que quer
quando sua vontade busca
e não quando aprisionado por limites
porque não se deve mais falar
porque a linguagem já está morta
ou obsoleta
porque o mundo não procura mais interessar-se pelo relato, pela arte, pela [ciência
e então ninguém mais ouve
e então todos se calam
afrontados;
mas eu vou dizer
enunciar, dissertar, defender, sublimar
porque não posso aceitar que não devo;
pra quem quiser
ver
ouvir
e sentir junto comigo,
pra quem desconsidera o poder de uma moral sobre os desejos.
Eu faço por mim e mostro pra você.
Você quer ver?
Você tem vontade?
Você tem a minha vontade?
É tudo a minha e a sua vontade
A arte é a sua e a minha vontade de arte
Você quer ver?
Dividir ser?
Dividir crer?
Dividir ver?

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