Eu fico indignado com como o fato de sermos uns: empestados conscientes disso; desiludidos com o futuro mais-ou-menos certo; desde sempre comprometidos com nossas condições, já que contados delas; tudo isso, como eu ia dizendo, nos parece uma imposição fúnebre de silêncio, como se saber que sabem, que se sabe, que as coisas são 'assim', fosse a imposição moral máxima, dominadora. Saber mais-ou-menos de tudo - e de que tudo é nada e nada é tudo - seria, portanto, o suficiente para que aceitássemos passivamente que nada mais pudesse ser contemplado e contemporizado. Não admito que eu não deva falar sobre mais nada, só porque tudo já foi dito por alguém, porque provavelmente não haverá mais nada nunca de totalmente original, ou até mesmo porque dizer alguma coisa possa encerrar o sentido, a beleza e a intensidade de tudo, ou seja, mentir. Não admito tudo isso porque eu falo mais alto. Eu quero e preciso dizer, reportar, e nada do que eu fizer pode ser ensacado como se fosse apenas uma mera consideração-apêndice sobre o que já foi dito, ou mais uma mentira secular; tudo é assim e nada é assim, não há por que me calar. Não vou deixar que façam isso comigo: eu vou mostrar para todos - eu espero - que não há por que excluir qualquer nuance explicitada, Deus está no particular é que me vem reverberando a sensibilidade. A erudição e a autoridade da ciência e do niilismo (falácias não-formais mais-que-formalizadas) não vão impor sobre mim essa dominação moral subjetiva e subliminar, invisível, como se todos soubessem que sabem menos que os deuses, que não sabem o suficiente para poder falar. Temos que nos desprender desse Complexo de Torre de Babel. Com licença, eu dou um chute na porta e vou falar e vou saber do mundo do meu jeito, e vou contar, sim, para todos, e, por favor, todos falem, porque, sim, eu percebo, percebemos - percebamos! - que é isso, Deus está no particular! À diáspora!
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