domingo, 15 de novembro de 2009

molhado e hedônico

eu acreditei em tudo
certa vez eu me pedi pra acreditar

ah, porque pra mim o mundo era mundo
e a palavra tinha sentido extenso
pretenso de aconchegar

a chuva é que me veio então
prontificada a me inundar
obstinada a me molhar
a me desvendar
o olhar

o mundo em seu desarranjo
o céu a densificar
a paisagem a se esconder:

a longa distância desapareceu
eu só olhava meu caminho
desviante de poça em poça
hesitando o percurso certo, cego
e me lembrando o que eu queria lembrar:

o sossego não é algo que se possa ter
o destino não se pode prever

a vontade
em sua nova forma
veio a mim
irritado, encharcado
de ter que voltar, eu queria gritar

ah, se tudo não fosse um ter que chegar lá
e se o simples desejo
diabólico mesmo
pudesse surtar:

quem disse
que a vida não é pra ignorar
o destino
que se tem pra alcançar?

Um comentário:

Luiza Gomes disse...

hahahaha adorei a conclusão sobre chegar em algum lugar. vou profetizar: a vida é um eterno estar-chegando, e o que você faz enquanto espera. =P

um bjo e um qjo (brie, pq dias de banho de chuva são extremamente requintados)