Não sei por que, nem tenho muitos fundamentos para isso, mas tive um insight e preciso reportar: como num estalo eu vi de que maneira o existencialismo de botequim pode repercutir em uma atitude ascética em relação à vida. Existe coisa mais distante da vida que a morte? Pensar a vida como uma busca incansável de vencer a morte pode nos levar a pensar a vida com os olhos na velhice.
Meu pai é um homem que se declarou outro dia para mim como um existencialista - e ele é uma das pessoa que eu conheço que mais bebe uísque e que mais se preocupa com a sua qualidade de vida quando velhinho (sem querer queimar seu filme, pai, só pra encaixar no existecialismo de boteco, te amo). Sua tabelinha de despesas, assim como imagino que aconteça com muitas pessoas, sempre, desde que eu me entendo por gente, esteve apertada com muitas despesas, porque é necessário guardar algum para os dias mais mórbidos. Seu sossego quando velho tem que estar garantido e, pra isso, ele se priva de determinadas coisas que poderia fazer com o dinheiro que guarda. Não o julgo mau por isso, nem mesmo insensato. A velhice é mesmo uma realidade que se planeja viver, ninguém pretende morrer aos 40 anos num acidente de avião que te levava para férias em Paris.
Uma visão boteco-existencialista da vida, portanto, não é uma visão condenável, mas pode tender a uma visão sofrida. As vontades se tornam nubladas por essa morte que fica rondando as reflexões que antecedem uma tomada de atitude. Mas olhando agora com os olhos de um boteco-existencialista, a vida na nossa sociedade parece mesmo nos levar a esse sofrimento perene da reflexão sobre a morte. À medida que criamos técnicas que buscam criar um aumento da longevidade, somos instigados por um espírito ateu a querermos realizar nossas vontades; e aí esbarramos nas questões materiais que podem nos impedir de realizá-las. O dinheiro curto, a morte certa e a velhice sempre provável fazem da vida na nossa sociedade uma eterna batalha, já que queremos ser felizes.
Uma frase de Sartre me lateja para finalizar esse texto: "Liberdade não é fazer o que se quer, é querer o que se faz." Com essa frase, termino pensando, gótico-positivamente, como um existencialista de botequim animado-e-nas-últimas, que o esforço da vida acaba sendo por nos desligarmos dessas preocupações mundanas e criarmos um aparato de compensação abstrato para continuarmos vivendo, que se pauta numa perspectiva de vida: estar vivo ter que ser o suficiente em face da morte, já que estar vivo, sensualmente, é em si melhor que morrer, que é aquilo do que se foge.
Meu pai é um homem que se declarou outro dia para mim como um existencialista - e ele é uma das pessoa que eu conheço que mais bebe uísque e que mais se preocupa com a sua qualidade de vida quando velhinho (sem querer queimar seu filme, pai, só pra encaixar no existecialismo de boteco, te amo). Sua tabelinha de despesas, assim como imagino que aconteça com muitas pessoas, sempre, desde que eu me entendo por gente, esteve apertada com muitas despesas, porque é necessário guardar algum para os dias mais mórbidos. Seu sossego quando velho tem que estar garantido e, pra isso, ele se priva de determinadas coisas que poderia fazer com o dinheiro que guarda. Não o julgo mau por isso, nem mesmo insensato. A velhice é mesmo uma realidade que se planeja viver, ninguém pretende morrer aos 40 anos num acidente de avião que te levava para férias em Paris.
Uma visão boteco-existencialista da vida, portanto, não é uma visão condenável, mas pode tender a uma visão sofrida. As vontades se tornam nubladas por essa morte que fica rondando as reflexões que antecedem uma tomada de atitude. Mas olhando agora com os olhos de um boteco-existencialista, a vida na nossa sociedade parece mesmo nos levar a esse sofrimento perene da reflexão sobre a morte. À medida que criamos técnicas que buscam criar um aumento da longevidade, somos instigados por um espírito ateu a querermos realizar nossas vontades; e aí esbarramos nas questões materiais que podem nos impedir de realizá-las. O dinheiro curto, a morte certa e a velhice sempre provável fazem da vida na nossa sociedade uma eterna batalha, já que queremos ser felizes.
Uma frase de Sartre me lateja para finalizar esse texto: "Liberdade não é fazer o que se quer, é querer o que se faz." Com essa frase, termino pensando, gótico-positivamente, como um existencialista de botequim animado-e-nas-últimas, que o esforço da vida acaba sendo por nos desligarmos dessas preocupações mundanas e criarmos um aparato de compensação abstrato para continuarmos vivendo, que se pauta numa perspectiva de vida: estar vivo ter que ser o suficiente em face da morte, já que estar vivo, sensualmente, é em si melhor que morrer, que é aquilo do que se foge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário