É engraçado pensar que a pessoa que mais conhecemos no mundo não represente uma figura sólida no momento em que a evocamos mentalmente. Pensar "Luiza" não traduz um quadro de características. A rigor, constitui um quadro de imprecisões, de aspectos de relevância ondulante. Não é o mesmo que pensar "Antônio" ou "Pedro" - vocativos, aliás, que chamam longos apostos; é como contemplar uma resposta branda para meu inquérito pessoal específico.
Penso "Luiza". Não vejo nada.
Sei de cor a posição exata de cada cacho em minha cabeça, sei a lista decrescente de meus "avessos" ("defeitos" impõe um limite ao conceito), sei o que me apraz, o que quero e o que me convém, meus traços físicos e psicológicos... E ainda assim, não conheço minha fisionomia. Não sei quão vermelha fico quando coro - conheço só a desagradável sensação do sangue latejar minhas maçãs; não sei se consigo realmente disfarçar sofrimento - quando sofro - pois só conheço o esforço de meu rosto
quando não tenho nem esboço
de uma expressão tranqüila; a voz que ouço quando falo não é a mesma que os outros ouvem. E me perguntando às vezes me pego:
de quem é o ego por trás desse corpo?
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Espero que não parem quando enjoarem, pois a idéia - ao que entendi - é boa.
É isso aí!!! galerinha toda postando... mt irado esse texto louieeeeee.... to gostando das nossas produçoes
Postar um comentário