domingo, 10 de agosto de 2008

Fimde Semana Bucólico Em Família

Entrava no carro para se livrar do frio que fazia do lado de fora da casa, ams o carro estava frio. Ligou o ar quente numa tentativa de se aquecer, esperou um pouco e estava tudo quentinho. Sua mãe estava sentada atrás no carro e seu irmão vinha andando, de dentro da casa, atravessando o portão para entrar no carro.
Era a casa de Teresópolis: uma pequena casa de campo da família, que tinha um quintal no canto que margeava um córrego, do outro lado uma garagem e atrás dela uma churrasqueira desativada, que acabou virando outra garagem, na frente um jardinzinho e um caminho de pedra do portão até a casa e atrás da casa havia um estreitíssimo gramado, onde havia uma pequena construção onde se armazenava madeira rachada para a lareira. A casa era na media: uma cozinha, uam área de serviço, quarto de empregada, banheiro de empregada, sala de estar com lareira, sala de jantar, 3 quartos, sendo um deles suíte, um banheiro e um lavabo, além da varanda, onde punha-se uma cadeira de balanço e uma esprequiçadeira modernosa e, mais distante delas, a rede, tudo de frente para o jardim e o portão.
Mas naquele momento, estava já tudo escuro. Estavam saindo da casa, retornando para o Rio, portanto todas as luzes já tinham sido apagadas, e, de qualquer jeito, ele já estava no carro e não conseguia mais ver muita coisa da casa, senão o portão semi-cerrado e o muro baixo com uma cerquinha em cima que circundava o terreno - apesar de ser baixo, não se podia ver a casa. E naquele mesmo moento, em que se aquecera de vez e que ia embora da casa e que via o pai e o irmão vindo entrar no carro e que ocnversava também com a sua mãe, que lixava a unha, sobre qualquer assunto, tinha uma sensação estranhamente boa. Há tempos que não sentia que estava fazendo o que queria ao estar com a família. Há tempos, mais tempo ainda, que não ia para Teresópolis sem remorso de poder estar aproveitando alguma coisa no Rio, que raramente existia. E lhe custava crer que, na verdade, sempre quando não vinha para Teresópolis, sentia-se sozinho, apesar de ser frequentado exaustivamente quando eles deixavam a casa livre. E agora que a casa estava apagada e que todos iam embora, ele fazia uma retrospectiva geral do fim de semana familiar, ao mesmo tempo em que respondia à mãe algumas coisas. Lembrava de como se senitra o fom de semana inteiro, de como eles se comportavam menos hostis, de como ele percebia os pais de forma mais doce. E o irmão também, todos pareciam mais sensíveis. O irmão, foi inclusive um dos assuntos de uma das refeições feitas juntos, ia fazer análise, o que fazia dele um neurastênico assumido. Isso exalava, mesmo que não se esforçasse, compaixão de sua parte para outras coisas. Os pais, esses, de tanto que os fizera pensar, finalmente o entubavam e não somente, o amavam sem dúvidas nem irritações nem frustrações.
A vida adulta, algum escritor famoso diria em seus livros sobre a formação espiritual de um indivíduo, começava a aflorar como um inconsciente coletivo naquela família. O trato estava menos comprometido, as responsabilidades já estavam assimiladas e as intimidades também.
Eles entraram no carro e seu pai logo comentou:
- Isso aqui vai ficar um forno com esse ar quente ligado.
E ele não ouvira como uma alfinetada nem como uma coisa cotidiana e fútil - chegou até a não gostar de falar nem de que falassem sobre coisas práticas algum dia.
- Eu sei, mas é só para esquentar um pouco e depois eu desligo.
Aquelas conversas pá-pum, dessa vez, refletiam a serenidade que tinham alcançado naquela família, algo bem cinematográfico. Seria porque o filho entraria para a análise? Ou porque o pai tinha sido aprovado no concurso para o doutorado? Ou porque o outro filho, o filho em questão, sabia agora o que queria para a vida dele, da forma mais geral possível? A mãe, a mãe só esperava esse momento há um bom tempo, regozijava-se falando muito e lixando a unha.

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