terça-feira, 9 de outubro de 2007

Este não tem título mesmo não

Hoje estou sentindo que a escrita veio sem muita coisa pra dizer. Veio mais para preencher um tempo que não estava ali para que fosse feita alguma coisa com ele. Mas para mim isso não deve existir. Fazer alguma coisa é como uma obrigação. E quase como outra obrigação, tenho que achar digno de ser feita a coisa que irá preencher o tempo de nada para fazer.

O grande problema é que, por vezes, não tenho encontrado muitas coisas dignas de serem feitas por mim, as quais eu possa fazer. Encontro muitas indignas. E também muitas dignas, mas que não estão ao meu alcance. E essas que não estão ao meu alcance são realmente maravilhosas e muito dignas de serem feitas por mim, só não são possíveis (talvez eu não seja digno de fazê-las, se é que isso é possível).

E por isso que acabo com muito tempo pra preencher com alguma coisa digna. Faço, até com certa freqüência, coisas dignas, mas, em geral, coisas dignas dão aquele cansaço-pós. As indignas, que são as que acabo fazendo tentando fingir para mim mesmo a sua dignidade, não proporcionam fadiga de modo algum, e sim ânsia. Ânsia de algo digno. E toda essa extrema necessidade eu tento suprir ao escrever, que é das poucas coisas que julgo capaz de executar e que entendo como alguma atividade digna.

Que droga, essa minha mania de achar que devo ou não achar algo digno de diversão ou de prazer ou de dignidade mesmo. Mais ainda, de achar que as coisas devem ser dignas da minha imersão em suas execuções. Fico procurando o que daquilo deve ser aproveitado, se a função a qual veio exercer está sendo exercida de meneira que eu entenda como bem exercida, ou que julgue digna de minha participação ou assistência.

É, percebi que o que quero mesmo é dizer o que acho das coisas. Pobre de mim, achando que vão se deixar levar pelas minhas interpretações. Pobre de mim, por achar que sou capaz de dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa. Que droga essa idéia fixa de que, com o tempo, encontramos o valor das coisas ou que, com o tempo, as coisas fiquem importantes. Ficam nada. Nós é que queremos ser importantes. E não o somos. Somos efêmeros e achamos que iremos sentir saudades das coisas. Mas por sermos efêmeros, não seremos capazes de voltar à nossa efemeridade terrena. Achamos que somos eternamente presos aqui. O que vejo, é que não encontramos qual o nosso valor, então damos valor ao externo, para que possamos possuí-lo e sentir, finalmente, que valemos alguma coisa, mesmo que só para nós mesmos, ou para os outros, só por possuirmos algo que é digno de ser valorizado.

Sentimo-nos mais presos ao chão do que realmente somos. Sentimos como se aqui fosse nossa terra eterna. Esquecemos da efemeridade de nós mesmos e, com isso, a efemeridade de tudo o que observamos, vivenciamos e de todas as condições de existência.

Ode à indiferença e ao hedônico!

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