quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Um Chopp

Das coisas mais engraçadas que acontecem na vida cotidiana, o tédio após a execução de todas as aflições computadoreanas - recados no orkut, checar o e-mail, procurar comentários no blog - é a mais contemporânea de todas. Depois de todas as execuções, surge uma vontade estranha de fazer algo, mas tudo o que havia para ser feito já foi feito. Esse tédio era, normalmente, sobreposto por um ret pós-trabalho. Sem esse ret, o tédio, depois de muito tempo no calabouço que os entorpecentes o prendiam, emergiu essa tarde. E, para solucionar o problema do tédio foragido, que espalha medo por todos os lugares onde passa, tal monstro que é, precisei encontrar o tédio, ou melhor, identificá-lo na multidão de sensações (demônios sempre se disfarçam de castos), por aí e enjaulá-lo novamente, pelo menos por enquanto, até transportá-lo para o calabouço dos entorpecentes, que está passando por uma reforma depois da fuga. E essa foi a jaula que utilizei, tudo bem que meio improvisada, mas até então está dando pro gasto. Acho que Schopenhauer estava certo ao dizer que o homem está preso a um pêndulo que vai da dor ao tédio, a única coisa que eu acrescentaria era o ponto mais baixo, da euforia, momentânea, que seja, mas algo um pouco semelhante à felicidade, que, eu sei, dura pouco, pouquíssimo tempo, mas sua intensidade compensa toda uma vida.

Um comentário:

bic_cristal_pocket disse...

O pêndulo, na minha ideia, não nos prende mas suspende. A felicidade é algo efémero e só quem é capaz de aceitar isso consegue alcançar a pura felicidade. É difícil aceitar os momentos maus com naturalidade e aceitar com naturalidade que os momentos bons as vezes demoram. A impaciência é amiga. Esse pêndulo que nos suspende é construído por nos: definimos quais os estados de espírito entre os quais escolhemos balançar. E viva a natural felicidade de quem aceita o estar e o ser! *espero que estejas feliz :)