sábado, 27 de outubro de 2007

Meu Tempo

Algo que não consigo compreender é como é possível haver pessoas que encontram realmente alguma doutrina – como uma crença, uma religião, uma ideologia política ou filosófica previamente apresentada por algum outro sujeito – que esteja exatamente no shape dos conceitos e juízos, a posteriori e a priori, que ela tenha desenvolvido ao longo de sua vida. A individualidade, preceito básico da nossa sociedade antropocêntrica, liberal e capitalista, nunca é respeitada de maneira decente quando se determinam hábitos, concepções, posturas, interpretações. Onde não há contemporaneidade – fator nunca respeitado pelas doutrinas, visto que se baseiam em pontos de vista já estabelecidos em tempos passados, não passam de tradições – não é possível que haja a completa aceitação do indivíduo por algo extremamente superficial e objetivo. A nossa era carece de respeito individual, de aprofundamento nas questões do sujeito e de preocupação única e exclusiva com o presente, sem apegos ao passado nem idealizações do futuro.

Um comentário:

bic_cristal_pocket disse...

Há quem precise de refugiar as suas escolhas em algo transcendente. Por não saber justificar os meios, ou porque essas justificações custam a aceitar, ou porque demora a aparecer uma justificação plausível. Na verdade, o refugio em algo que não é possível julgar é mais confortável do que ter um dedo apontado pedindo um esclarecimento e condenando as nossas acções. Quantas vezes alguem que não acredita exclama "Meu Deus" quando lhe faltam mais palavras? O cinismo da sociedade vai prevalecer para sempre! a não ser que venha uma chuvinha e que lave o chão.